25 ago 2021 / Media & Publicações

Revista Human Resources- Liderança e Languishing...Como é Que Saio Disto?

Quem nas organizações está em maior esforço são as pessoas que exercem posições de liderança. Têm de lidar consigo mesmas, como pessoas que são, com languish instalado em si e evoluir no grande desafio da liderança destes tempos de, languishing por todo o lado, espiral de apatia. 

 

Ouço todos os dias "a minha memória está um desastre”, “não consigo ter vontade de fazer o que tenho para fazer e que dantes adorava”, “concentrar-me já era”, “sinto-me cansadíssimo, estou todo roto”, “no mesmo dia tenho altos e baixos”, “não me apetece fazer nada parece que um vazio tomou conta de mim”, “a dormir não sonho e acordado nada também …é triste, só quero que isto tudo passe”, “não me reconheço, este não sou eu, estou a definhar”, …, e todos os dias ouço a pergunta “como é que saio disto?”. 

 

Em relação a quem lidera equipas ouço ainda: “a malta parece que se está a ralar para tudo”, “ as pessoas estão muito negativas, muito fáceis de se deixarem contaminar com o mood umas das outras”, “não sei detetar se um colaborador, que aparentemente está bem em todas as reuniões online, e me parece bem, ativo, normal, está mesmo bem”, “quando deteto que alguém não está bem, e se for alguma coisa que me aconteça a mim, dou uns conselhos mas se for alguma coisa diferente, não sei como reagir”, “feedback nestes dias à distância é complicado”, “debater online não me ajuda nem à minha equipa a ser criativo”, “estou e estamos muitas horas scrolling down, há tanta coisa interessante mas e depois?”,…, e principalmente a pergunta, “como é que os posso motivar?” 

 

Sinto que sim o Vazio se instalou, um desânimo colectivo, mas quero acreditar que entramos no que podemos chamar de estado de hibernação coletivo, um limbo, de onde não há meio de acordarmos, mas que ainda assim seja um estado de transição. Pergunto-me se daqui para a frente hibernar não passa a ser algo com que tenhamos de lidar (uma vez por ano, como acontece com alguns dos seres com quem partilhamos este planeta? e quanto tempo leva o período de hibernar para cada um?). Compreendo as causas de aqui termos chegado, acredito que hibernar cumpre uma funcionalidade de proteção mas questiono-me sobre o clique que nos vai acordar. Será que esse clique pode ser controlado por nós próprios, que ajuda é precisa dar para que ele aconteça? Os Lideres consegui-lo-ão sózinhos? E qual o formato de que precisamos? A ver… 

 

Sobre o termo languishing deixo que a vossa curiosidade se satisfaça na leitura do trabalho de investigação do psicólogo social Corey Keyes e na leitura do artigo do psicólogo organizacional Adam Grant publicada no New York Times. Vão gostar.  

 

Quem tem uma posição de liderança precisa de pedir ajuda e deixar-se ajudar, precisa mais do que nunca apoiar-se e apoiar as equipas de RH. Eles são quem melhor está equipado para esta fase. Sabem fazer acontecer mas precisam que os deixem avançar e que sejam agora disponibilizados recursos para uma intervenção consolidada.  

 

O que eu acho que devem fazer rapidamente em conjunto?  Organizem a rentrée como o momento firme da transição, garantir que este seja curto e intenso, já não se aguenta mais! Pensem em iniciativas regulares diversificadas para os meses de Outono e Inverno, surpreendam e principalmente não deixem ninguém sozinho. É também agora que brigadas de Coaches e facilitadores devem intervir, sempre num formato conjunto e articulado.

 

E a diversidade de interações é um must para esta rentrée. Somos seres sociais.  

 

Artigo publicado na Human Resources Portugal - Edição Agosto 2021

 

Sofia Calheiros / Leadership & Coaching