27 nov 2017 / Geral

Mix: a nova realidade linguística

3 Minutos de Leitura 

 

E, como que em jeito de desculpa, do que assumimos que vai ser assim: MixLanguages por aqui.

 

Ando um bocadinho irritada de aceitar que, por aqui, umas vezes escrevemos em português de Portugal, outras em inglês e outras ainda num mix das duas línguas e por vezes três. Fica um bocadinho confuso disseram-nos. E aceitamos que sim.

 

Há uns anos atrás esforçávamo-nos para garantir que escrevíamos num belo e profundo português. Depois, coloquialmente, dizer umas palavrinhas em francês e inglês era chic…um sinal de distinção social. E na escrita, um salpico aqui e ali para mostrar erudição… mas mais que isso nem pensar.

 

Depois veio a moda dos estrangeirismos em grande e decidimos que nem pensar usar. Era o que mais faltava sermos colonizados assim, como quem não quer a coisa. A língua é um símbolo da nossa nacionalidade e o mais profundo dos visíveis.

 

Depois abrandámos e … a falar vá lá… mas na escrita estrangeirismos nem pensar.

 

Então o Esperanto, que já tinha sido forjado, ganha força como a “1ª língua artificial, numa tentativa de agradar a todos e ninguém se ofender. O Esperanto entra com o argumento de ser de mais fácil aprendizagem e com o objetivo de que servisse como língua franca internacional para toda a população mundial (e não, como muitos supõem, para substituir todas as línguas existentes). Mas este dito Esperanto apesar da facilidade gramatical enfrenta dificuldade de ser adotado como língua auxiliar universal porque as pessoas, em geral, preferem línguas naturais, adotadas pela sociedade de maneira espôntanea e não programada. A coisa não pegou.

 

E o inglês (dos USA…) foi entrando.  Mas ainda com sinais francos de resistência da nossa parte. Só aceitávamos anglicismos para expressões que, dizíamos nós,  como que para pedir desculpa de qualquer coisinha na facada à nossa bela língua e perda de identidade, não tinham tradução. Mais ainda, na tentativa de resistir à sua integração na escrita, anglicismos tenham de ser escritos em itálico… caramba, os ditos não faziam parte da nossa língua.

 

Mas um dia, de tanto trabalharmos num mundo global, percebemos que íamos mais depressa em inglês, mais depressa na comunicação com a diversidade de clientes e parceiros.

 

E todos os dias, é esta hoje a nossa realidade:

 

  • “Eu prefiro falar em inglês, posso dizer isto em inglês? Em inglês isto sai melhor.”
  • “Podes falar comigo em francês? Tenho de desenferrujar para ir facilitar workshops e dava jeito.”
  • “O meu portunhol está de ir ás lágrimas mas por lá parece que gostam. Irra ????.”
  • “Lê este livro que é mesmo muito interessante…não sei é em que língua está mas já o li e é óptimo ou ótimo nem sei.”

 

Depois de uma apresentação de 1h a um Cliente:

 

  • Cliente: “Podem pôr os slides em português, é que há pessoas na empresa que não vão entender.”
  • E nós: “Mas eles estão em português…”
  • Cliente com cara de espanto: “O quê?”
  • E, nós olhando para o écran: “Não me diga que estão em inglês ehehehehe …grande confusão já nem sabemos em que língua estamos”

 

E de tão fluído isto está que, quando escrevemos e falamos, vamos incorporando as duas línguas e, por tal, pedimos que nos leiam com esta nova alma, aceitando que este mix cumpre uma funcionalidade no mundo atual e nos prepara para o novo Mundo Digital onde acabamos de entrar, mundo esse onde teremos de aprender um New Coding.

 

Por ora, sabemos que, para ir mais rápido o inglês facilita, mas acreditamos que mais longe iremos se for em Português.

 

Obrigada por estarem aí a ler... na língua que hoje sai. 

 

 

Para saber mais consulte:

 

Perpectiva histórica.

Perpectiva económica.

Perpectiva robótica.

 


Sofia Calheiros / Leadership & Coaching