07 mai 2016 /

Liderança no Feminino: Be Gentle to Each Other

#BeGentleToEachOther foi uma das mensagens percebida como mais impactante, do ponto de vista emocional, por um grupo de cerca de 40 mulheres com quem estou a trabalhar, num programa que decorre em várias cidades da Europa. E um dos grandes insights foi: “Quando a  adversidade está verdadeiramente instalada somos nós, a partir de posições intermédias de liderança na organização, que estamos á frente : #LeadingThroughAdversity.

Nesta Instituição Financeira, onde estamos a trabalhar, a distribuição feminina varia. A concentração verifica-se no nível de entrada (N-4), no nível Manager (N-3), no nível Diretor (N-2) e depois esbate-se no nível Vice Presidente (N-1) e há quase ausência de representatividade no nível Vice Presidente  Sénior (N) e no nível C-Suite é francamente sem expressão.

Estas 40 Mulheres, que estão no Programa de Liderança, estão no Nível Vice-Presidente (N-1). São mulheres que chegaram curiosas, com mixed feelings e vitalidade oscilante. Queixando-se… queixam-se muito. Trabalham…Trabalham muito. Querem respostas…perguntam muito. Sentem-se de alguma forma perdidas, estavam (e sei que algumas ainda estão neste momento) a achar que faz falta um Líder, “sem um Líder forte não há liderança, não vai ser fácil”, queixam-se de que falta visão, que a desorganização está instalada.

Olhando e ouvindo com atenção é verdade: não há liderança efetiva do topo, não há rumo. Na verdade não há reconhecimento da liderança que lá está. Mas à pergunta: “mas a organização parou?”. Respondem com veemência: “Claro que não!”, e concluem “…na verdade tudo continua a andar…”. E à pergunta: “Quem garante que está tudo a andar?” (oh Deus que pergunta infantil). Respondem com silêncio … e do meio deste…ouve-se: “Nós”.

Estas mulheres tomam consciência de que liderar em tempos de Adversidade se pode fazer a partir de qualquer ponto da organização. Sabem que o topo está com dificuldade em dar rumo e constatam que em momentos de crise as posições intermédias sustentam a “casa”. Refletem ainda que este tempo de adversidade é uma oportunidade para TOMAR POSIÇÃOe definem estratégias.

Entre muitas outras reflexões, todas maravilhosas (gosto desta palavra feminina J), emerge ainda “Não queremos estar em Programas só para mulheres mas… percebemos que temos necessidades especiais que não são endereçadas em programas tradicionais de gestão.”

Para garantir a presença feminina em toda a extensão da organização desenham-se programas e avança-se. Participo em alguns e o que se desenha:

  • Mudança dos critérios de acessibilidade a posições topo;
  • Mudança nas metodologias de assessment;
  • Mudança na forma como se prepara/forma para a Liderança;
  • Mudança da comunicação que contribui para a construção da representação social da Liderança;
  • Mudança na forma como a liderança é vivenciada/ executada no topo;
  • Mudança dos Skills core fatores críticos de sucesso;

A representação social da Liderança em si está com vontade de mudar. Essas mudanças já aí estão, é só olhar e pegar…

Neste pegar, o que estamos a ver neste Programa é que as #MenosJovens são as mais capazes de começar o movimento que fará a diferença #BeGentleToEachOther.

As #MenosJovens são as que por força da natureza sabem cuidar e facilitam o crescimento de todos. As #MenosJovens são as que com muita sagèsse usam o Coaching como a metodologia de excelência para trazer ao de cima o que cada um tem de melhor, são as que com mais facilidade admitem o erro, são as que comunicam de forma aberta e transparente (dizem só terem a ganhar com isso em termos de tempo e energia), são as que com mais autoconfiança e calma lidam com situações controversas ou crises e sabem, sabem mesmo, que estas competências que estão maduras nelas existem em cada mulher.

Todas as mulheres, com quem estive nestas últimas semanas, com posição de Liderança numa grande Instituição Financeira, perceberam que a transformação empresarial, e do mundo, terá se ser feita com enfoque no feminino. Todas bem preparadas e no pipeline para o Board, but…todas ainda a acharem que lhes falta algo… Neste faltar algo perceberam, no Programa, que o que pensam faltar-lhes não é mais do que a resistência à evolução no caminho que existe. Na verdade estão prontas para assumir a Liderança do futuro mas não nas posições de onde este tradicionalmente se desenha. Querem estar, liderar a partir de outro ponto, noutro caminho. Porquê? Porque no que, a organização quer para elas terão de fazer a “Liderança à Homem” e isso, implica perderem o que desejam da vida.


Sofia Calheiros / Leadership & Coaching