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Escolho deixar o meu iPhone em casa.

Lembro-me do dia em que decidi que nunca iria ter um telemóvel. Durou anos esta minha, dita, excentricidade. 

Um dia percebo que ninguém acreditava que eu não tinha telemóvel. Que cena! O Nuno a dar-me o seu contacto e a pedir o meu. E eu: “Não tenho Nuno”. E ele: “quero só o seu contacto”… e aguardava com o dedo na tecla. E eu “Não tenho”. E ele: “ Ah a Sofia não dá o seu contacto?”. E eu: “Não tenho mesmo Nuno”. E ele: “Pois!”… No seu olhar o sentimento da rejeição com a certeza da minha mentira.

Como explicar aos outros que não tinha telemóvel por opção? Não dava. Comprei-o.

Usei muitas estratégias para não estar sempre com ele na mão mas, neste mundo veloz, e porque eu também gosto de andar a 200, fiquei mesmo addicted.

Hoje adoro o meu iphone, adoro a liberdade que me dá de trabalhar onde me apetece, ter uma janela para o mundo. Adoro estar entretida a ler, ver filmes, chamar um táxi, fotografar, ver o tempo, arquivar cartões-de-visita, gerir calorias/passos/… eu sei lá …tudo o que me passar pela cabeça e ainda em cada dia o que nem sequer consigo imaginar. 

Mas… hoje escolho, decido, deixar o telemóvel em casa. Tem de ser!

O encanto das redes sociais está a dar cabo de mim. Nunca vi televisão de forma regular mas este iphone, este iphone é uma extensão de mim. À noite, antes de me deitar, dantes lia, agora vai sempre um scrolling nos emails, no Facebook. De manhã o ritual é o mesmo. Mas pior do que isto, na verdade o eu fazer até me sabe bem, é perceber todos à minha volta no scrolling, no texting, nas fotos de tudo e de nada e a consumirem shots rápidos de dados, informação que não sei se leva a conhecimento algum. 

Hoje soube-me bem este “Bonjour silêncio” e perceber o que já produzi, as pessoas com quem conversei e a atenção plena a mim mesma nos momentos quietos. Adoro o meu iphone mas hoje respirei. E vai ser assim nos próximos dias. Vai ser assim um dia por semana. Detox.