12 fev 2017 /

A Nova Maturescência: Resetting & Moving on Into The New Era

Se pensarmos em fases de transição ao longo da nossa vida, a primeira imagem que nos vem à memória, é provavelmente da adolescência.

Na fase de transição entre a infância e a vida adulta temos que lidar com mudanças físicas, psicológicas, emocionais e sociais, ao mesmo tempo que percebemos o nosso lugar no mundo e na sociedade em que vivemos, questionamos as regras e os limites impostos e procuramos a nossa identidade, sem percebermos muito bem o que isso quer dizer.

A maior parte de nós já parou para pensar nestes temas. Mas e a transição entre a meia idade e a terceira idade? Essa novo momento que chamarei de maturescência?

 

O que é a maturescência?

 

Uma nova adolescência que começa na fase madura, digo eu.

Na minha vida pessoal quando olho à minha volta pergunto-me se toda esta gente madura, que vive por aqui ao meu lado, é tão madura como os maduros de 50, 60 e 70 anos que lá estavam na minha adolescência. E lembro-me de ser criança e de os achar “crescidos”, lembro-me de ser adolescente e de os achar velhotes. Lembro-me de entrar na idade adulta e de ter que cuidar deles… e agora em plena madurescência, percebo que vou entrar numa fase da vida que as minhas avós, as minhas bisavós e trisavós não viveram. Elas foram respeitáveis senhoras de idade, eu vou ser maturescente, e depois… se verá o que nos espera.


Na minha vida profissional o que vou viver é uma nova fase em que há um tempo novo que vou chamar de maturescência corporativa … e que é sobre a consciência da, continuada e contínua, fase de transição (como na “adolescência profissional” estivemos), para um tempo, em que se quer “refire not retire”.

 

Olhar para trás, na minha vida corporativa, e perceber o que aí vem?

 

Na minha vida profissional pergunto-me e convenço-me que esta gente madura, a quem presto serviços e que me prestam serviços, é mais brilhante que os maduros de 50, 60 e 70 anos que lá estavam na minha adolescência profissional. Lembro-me de ser “intern” e de os achar “top”, lembro-me de ser junior e de os achar “velhos do restelo”. Lembro-me, já profissional adulta de ter de me esforçar para escutar e compreendê-los. E agora, “navigating midlife” percebo que vou entrar numa fase da vida que os seniores da minha adolescência profissional não viveram. Eles cresceram profissionalmente em direção a uma respeitável reforma. Nós vamos ser maturescentes, e depois…depois se verá o que nos espera.

 

Criança, adolescente, maduro, maturescente e ready para mais 20 anos ao serviço

 

Revejo o conceito de “criança” e vejo o quão recente é na humanidade (séc XVIII). Procuro o conceito de “adolescente” e encontro-o mais recente ainda (século XX). Vi o conceito de “adulto” transformar-se, nos últimos anos, com um retardar do entrar nesta fase. E chego a um tempo em que um novo conceito emerge: a nova maturescência.

 

Então, ser maturescente, na prática é o quê?

 


•Ter levado uma vida de trabalho (diferente da das gerações anteriores) intensa na senda da auto-realização e da autonomia e agora entrar numa nova era sabendo que se vai lá estar ativo.
• Perceber que se tem que mudar o ritmo e conseguir finalmente o almejado equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, decidindo de forma muito consciente como se quer viver o work-life blended.
• Fazer reset e começar a preparação para a nova fase da vida que continuará produtiva.

 

Construir possibilidades quando foi? Quando será?

 

Se na adolescência, e princípio da idade adulta, nos preparámos para a vida ativa (supostamente até aos 65 anos) e estudamos 5, 6, 10 anos em universidades fazendo mestrados, pós-graduações e especializações para trabalharmos 30 anos numa determinada atividade, na maturescência tem que se voltar a investir, volta-se a estudar, recombinam-se conhecimentos, constroem-se saberes flexíveis que assentam na curiosidade e no sonho ainda por realizar.

Anda-se pelo mundo observando e desfrutando e ganha-se em profundidade nos “Websummits”. Sabendo que manter-se alfabetizado é uma possibilidade, mas que se sofrerá de uma doce iliteracia para sempre. Sabendo que essa iliteracia será vivida com prazer e que o caminho é sobre usá-la como a ponte para um diálogo novinho em folha em que mais velhos aprendem com mais novos.

 

Colher os frutos da maturescência

 

Já que na maturescência há a possibilidade de viver a equação mágica onde se alia tempo de ócio, com conhecimento, com experiência e vontade de construir. A maturescência permite:


• Ser totalmente responsável pela própria aprendizagem e desenvolvimento (finalmente!), e no sentido que queremos sem influências.

• Crescer a partir de dentro com um elevado nível de consciência e com uma atitude de crescimento onde o erro é mesmo nova fonte de regeneração (verdadeiro growth mindset).

• Perceber que, face à falta de recursos jovens, tem que se continuar a contribuir para o new mercado de trabalho, conseguindo resultados sustentáveis para as gerações vindouras.

• Disponibilizar-se para fazer mentoring transferindo conhecimento sem condicionar caminhos nem processos de tomada de decisão (onde o nosso saber não faz falta).

• Ter liberdade de horário e poder viver em pleno os momentos de ócio que permitem olhar o mundo com surpresa e a certeza da harmonia, crescer por dentro como nunca e contribuir, para fora, de forma realmente criativa.

 

Em resumo, é sobre:

 


• “Refiring love”, tempo para os amigos e colegas, viagens, enfim tudo o que não tivemos tempo de fazer.

• Viver o “esperar o fim dos dias” na onda da longevidade, que os avanços da ciência e a compreensão do conceito de qualidade de vida permitem, mantendo-se saudável fisicamente, espevitado intelectualmente e muito trendy na onda da devoção pelo estilo

• Saber que nostalgia da juventude é coisa das gerações passadas.

• Estar feliz com o seu estado civil, orgulhosa da sua prole e ter na família um papel renovado vivendo a vida com a sua própria coreografia.

• Poder escolher viver só ou acompanhada, com quem se entender, e dizer “presente” no mundo online todos os dias.

• Poder ocupar lugares na sociedade e tomar em mãos o seu “self leadership”.

• É o saber que somos muitos, bem preparados e com uma pergunta que não se esgota:

 

Estes são os novos maturescentes bem resolvidos. Sei que há os outros, e sei que como na adolescência, todos farão o seu caminho.


Sofia Calheiros / Leadership & Coaching