24 mai 2019 / Media & Publicações

Livro “Coaching – Ir mais longe cá dentro” – Coaching de Liderança em Portugal

Livro “Coaching – Ir mais longe cá dentro” – Coaching de Liderança em Portugal

Por Sofia Calheiros

 

Nos muitos anos de prática contínua, pensada e sentida em coaching de executivos e de equipas de liderança, percebo o que me permita, com muita certeza no coração e dúvidas no espírito, ser coach neste nosso mundo, e partilho neste capítulo como vejo a prática de coaching no desenvolvimento da liderança. A busca sobre qual a melhor concretização deste 25º capítulo do livro, que celebra os dez anos do coaching organizado em Portugal (do qual muito me orgulho de ter sido pioneira), levou-me a questionar clientes, concorrentes, pares, pessoas com e sem conhecimento ou experiência em coaching, em posições de liderança, ou não, procurando respostas numa diversidade de género, geracional e cultural.

 

Os pedidos mais comuns foram sobre “casos verídicos” e “algo sobre si: como surgiu a ideia de ser coach?”, ambos temperados com “o que faz realmente a diferença na prática do coaching para liderança e talentos”. “Casos verídicos”, existem muitos e variados. Líderes que acompanho em coaching, com grandes desafios de mudança, referem “estar a navegar por tempestades”, tentando descobrir a passagem de um “cabo das Tormentas”.

 

Sentem, muitas vezes, mixed feeling entre as conquistas que pretendem, as que lhes são pedidas e os caminhos que se lhes deparam para lá chegar. Na sua vontade de conquista, sabem que na passagem do “cabo”, a “Boa Esperança” é aquilo que os sustentará e aos que os rodeiam. Intuem que conseguirão com o coaching, numa rota de tempestades internas e externas, salpicar scorecards com a marca que querem deixar no mundo e aceder aos insights essenciais para alcançar os resultados, garantindo o alinhamento consigo próprios e a sustentabilidade para todos.

 

Vários são os “casos verídicos” relatados nos belíssimos 24 capítulos anteriores, e não apenas sobre líderes. Avanço assim para o “algo sobre si”, descrevendo um caminho para se “ser coach”, e como este posicionamento pode começar cedo na nossa vida. Partilho algo do que contribuiu para ser quem sou hoje, procurando a ponte para esta profissão que nos apaixona e a sua contribuição para Portugal.

 

Abordo também duas coisas que a minha experiência me diz fazerem a diferença no coaching: o Coach-CLEANTM e o ARTM.

 

ONTEM RECENTE (ONDE ESTIVE – SHAPING THE FUTURE)

 

Num ontem recente, tão perto que o sinto, lembro-me das minhas viagens para Paris. Tinha 17 anos. Não ia como muitos iam, para trabalhar. Mas observava-os e sentia-os: a parte da sua tristeza, a esperança de, no principal destino da emigração daqueles anos, poderem encontrar um futuro melhor.

 

De Lisboa até à fronteira de Vilar Formoso, o Sud-Express parava num sem-número de terras. Era uma viagem imensa, mais longa do que o próprio tempo. Até à fronteira, entravam inúmeros emigrantes, uns de regresso “à França” e outros que pela primeira vez se aventuravam rumo ao futuro incerto. Em cada paragem, famílias corando e acenando com lencinhos. Guardo em mim, até hoje, essas imagens que me faziam igualmente chorar. E em cada estação tudo se repetia, em ritual, até se chegar à fronteira. Passando Vilar Formoso, acabava o choro. Fiz esta viagem muitas vezes e foi sempre assim. Já em Espanha, finda a tristeza visível, a viagem ganhava um gosto de alegria.

 

A solidariedade instalava-se e abriam-se os farnéis preparados nas vésperas por quem ficara, iniciando-se a degustação dos sabores das várias regiões, sobre os joelhos, protegidos por panos aos quadrados. Em recantos escondidos desde Sud-Express, também se abriam outros lencinhos – amarrados por tantos nós quanto os desejos de proteção de quem os tinha amarrados um uma ave-maria –, estes com umas poucas notas de conto lá dentro… tanto e tão pouco! Para trás ficava a família, e a saudade guardava-se no bolso. Éramos emigrantes, expatriados, os “Erasmus” dos anos setenta.

 

Já em Paris, não havia tempo para melancolias. Com coragem, havia que lutar por uma vida melhor, si mesmos, pelos seus, pelo futuro e por Portugal. Sim, por Portugal. Cada um que arriscou lá fora levou um pouco do nosso país para o mundo global, gerando resultados que muito contribuíram para o desenvolvimento de Portugal. Contribuir para o mundo era um monte para a coragem. Todos os que partiam foram, de alguma forma, nossos embaixadores. E, em cada regresso a casa, traziam a esperança, o fruto do seu trabalho e um pouco de mundo na bagagem. Fizeram outros sonhar e acreditar num mundo melhor. Era um shaping the future, alargando fronteiras e contribuindo para um mundo global.

 

Esta nossa gente, como outros num passado mais distante, teve a força e a coragem para mudar e foi de novo percursora da mobilidade. Fizeram mudança e ensinaram-me que esta pode surgir de onde menos se espera, pode ser promovida por qualquer pequeno ponto. Assim haja coragem e valores para a fazer, e seguir em frente. Nesse Sud-Express, de tanto escutar com toda a minha essência, comecei o meu caminho num treino não consciente do que viria a tornar-me – coach a 100%.

 

Nesse Sud-Express, eu aprendia numa couchette. Entre ir e voltar, e através de cartas garatujadas que me eram endereçadas de forma humilde e algo envergonhada, agendei viagens com quem comigo queria viajar de cá para lá e de lá para cá. Este querer, que eu estranhava, fazia-lhes sentido. Diziam: “Limpa-se a alma com alguém a ouvir-nos e a fazer perguntas difíceis… Clareia-nos o pensamento e fica-se com uma força…” Com 17 anos, as 24 horas da viagem eram intensas.

 

Passados anos, as horas continuam intensas, agora de coaching. Percebo hoje que, tal como os líderes que acompanho, estes companheiros do Sud-Express foram – no seu tempo e na sua realidade – talentos liderando por Portugal. Desejo que nessa altura aquela futura coach no Sud-Express que atravessava três países tenho contribuído como um boost para cada companheiros liderar as suas mudanças. Desde então, foi sempre um acompanhamento que ganhou vários nomes e que, desde há anos, estabilizou num nome: coaching.

 

HOJE QUE JÁ É AMANHÃ (ONDE ESTOU – VISIONING THE FUTURE)

 

Hoje, olho para a frente e sei que verei sempre em cada líder uma miríade de possibilidades de fazer acontecer a diferença. Olho para o lado, que imagino, e sei que não estou só em Portugal, que são já muitos os coaches que todos os dias contribuem como eu. Para todos, sei existirem vários fatores diferenciadores no processo do coaching de liderança e catalisadores de sucesso. A dois deles, chamo-lhes:

• O CLEAN – capacidade do coach em assumir uma atitude Coach-CLEANTM;

• O AR – capacidade do líder em acelerar a sua liderança tendo estratégias AR.

 

PARA O COACH – ASSUMIR UMA ATITUDE COACH-CLEANTM

 

É sobre começar a relação (de coaching) de forma descontaminada, limpa, lavada. Todos o almejamos e todos o devemos buscar, mas no caso do coaching é sobremaneira importante. O CLEAN trata de poder iniciar a relação com tanto poder do nosso lado quanto o que o coachee tem do seu lado (o que sabemos dele desejavelmente deverá ser equivalente ao que poderá saber de nós).

É conseguirmos entrar na relação usando a nossa bússola interna e, quando surgir a pergunta sacramental, “O que lhe disseram de mim?”, podermos dizer com transparência: “Pouco: a área que lidera, a antiguidade na empresa e a função, e quantos colaboradores diretos tem.”

 

É dar a possibilidade de começar uma relação de desenvolvimento de liderança a partir do zero, o mais livre possível de enviesamentos e preconceitos. É viajar num Sud-Express compreendendo a paisagem e só saber dos seus passageiros o que para eles faz sentido, aqui e agora. Estar presente, recebendo do passado o que dele ficou, conscientemente trazido pelo coachee (em formatos pessoais e organizacionais, como por exemplo em ferramentas 360º, etc., que o coachee controla e que são confidenciais), e olhar em frente visualizando o futuro.

 

 

PARA O LÍDER – ARTM: UM MUST PARA ACELERAR A LIDERANÇA

 

É a oportunidade de acelerar a liderança através de programas específicos para talentos, tendo presente no espírito o AR (Adiar a Recompensa). Um dia, alguém me disse com orgulho: “Estou no programa de talentos.” Passados dias, a mesma pessoa perguntava: “O que é isto de ser um talento?” Passados outros tantos dias e de novo outra pergunta: “Vou ser promovido?” E de repente a perplexidade: “Estou em sobrecarga total, é isto o stretch assignment? Desafiante, sum, mas…”,”… é só bocas á minha volta: tu, ó talento…”, “és tu o talento, portanto faz tu…”,”Tenho de fazer três rotações nos próximos anos?” e “No fim disto tudo, não vou mesmo ser promovido? Então, serve para quê?”. “Talento” é definido pelo Dicionário de Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, a partir do latim talentum, como “… uma moeda equivalente a peso em outro”; “…pessoa brilhante, dotada capacidades invulgares, de grande inteligência…”.

 

Na realidade, do meu dia a dia no mundo executivo, é uma expressão aplicada a alguém especialmente valioso para a empresa, cujo contributo é percebido como diferenciador, alguém de quem se sabe ou espera uma capacidade especial (dom) para uma atividade considerada chave para a empresa. É alguém do ponto de vista estratégico e que, de forma consciente, decide esforçar-se por um shaping the future, aumentado o seu impacto.

 

Enquanto coach, e por muitas serem as vezes em que me envolvo no desenho e na implementação de programas de desenvolvimento de talentos, sei que estes são especialmente desenhados para:

 

1. Acelerar o onboarding de newcomers, com coaching a recém-nomeados, os quais, como resultado de um forte investimento e porque têm um dom, vêm para fazer a diferença;

2. Responder à necessidade de ter a sucessão interna/inovação preparada. Analisam-se (através de assessment centres) e desenham-se programas especiais para os que são considerados altos potenciais. Aos talentos, é-lhes reconhecida a coragem, a vontade e a capacidade de transformar. De todos se espera que liderem, fazendo a diferença, a nenhum sendo prometida a promoção corporativa.

 

No Sud-Express foi assim, hoje é assim, e olhando o futuro sei bem o que defendo. A promoção corporativa imediata, aqui e agora, sem sempre é o melhor caminho. Mas saber adiar a recompensa e dar ao tempo é! Este saber dar tempo ao tempo não significa ficar parado à espera. Passa por definir as estratégias que permitirão, mais adiante, atingir o objetivo desejado.

 

A mobilidade é uma dessas estratégias que permite, em ação, acelerar a liderança. Nas minhas viagens a Paris, e nos anos que lá vivi, compreendi que a mobilidade facilita a aprendizagem. Hoje, vejo que as organizações valorizam nos líderes a passagem por várias empresas, posições e funções. Igualmente, nos programas de desenvolvimento de talentos, o investimento ultrapassa fronteiras.

 

O coaching que hoje está a ser pedido ultrapassa já os limites do nosso país. Entendo hoje o meu trabalho como estando ao serviço de algo maior do que o contexto da empresa que me contrata, pois ela lprópria está disposta a tal investimento na assunção do retorno global indireto. Passámos da consciência de liderança na organização para uma liderança em Portugal, para Portugal e por Portugal no mundo global.

 

A mobilidade é um acelerador de transformação e faz-se nos dois sentidos, ajudando Portugal a transformar-se. É um “dar mundo” que ocorre:

 

1. Cá dentro como os de fora, ou seja, com os talentos de outras geografias que para cá vêm, pois multinacionais sabem que aqui neste nosso Portugal existe toda a diversidade do mundo corporativo, e o risco para quem está a começar a ter posições de responsabilidade é moderado. Um cantinho fantástico para fazer crescer profissionais – um pouco como um berçário de liderança para o mundo;

 

2. Lá fora como os nossos expatriados que, como os meus companheiros do Sud-Express, levam o nosso país aos outros. A diferença? Têm o coaching como um acelerador da integração, da aprendizagem contínua, da preparação para o regresso e da implementação cá daquilo que de lá trazem. Com o coaching nesse processo, temos a garantia de que a nossa essência é ampliada no mundo.

 

AMANHÃ QUE JÁ AÍ ESTÁ (ONDE ESTAR – CRAFTING THE FUTURE)

 

Nos dias do meu Sud-Express, vivíamos em países da Europa. Éramos de Portugal. Hoje vive-se na Europa e tornámo-nos cidadãos de mundo. No amanhã que já ai está, precisamos de líderes em, para e por Portugal num mundo global. Precisamos de pessoas que queriam fazer a diferença e que percebam, com coragem, que liderar é estar ao serviço dos outros na sua diversidade. É dar, mais do que receber. É transformação de facto. Não é fácil… mas o coaching ajuda a concretizar.

 

Desde as viagens para Paris sei que a transformação pode começar em qualquer ponto, e hoje vislumbro como os outros, pelos menos, duas tendências que estão a ganhar relevo na liderança: as mulheres e os jovens. MULHERES LIDERANDO, PORQUE SIM Gostava de partilhar um pedido peculiar que me chegou há cerca de quinze anos do Reino Unido – coaching para reter talentos executivos femininos em processo de maternidade. Diziam: “Investimos tanto nestas mulheres, e agora ficam grávidas e ‘abandonam’ a cerreira.” Coaching de maternidade? Algo que aconteceu antes, durante e depois da licença e sempre com um acompanhamento de perto do CEO que ia dizendo: “Não podemos dar-nos ao luxo de as perder, temos de apoiá-las nesta transição” e “uma descobriu um novo sentido na vida e abandonou o cargo, mas temos mais quatro em situação, semelhante. E se isto se torna endémico? Precisamos muito destas diretoras”.

 

Percebi a importância natural da mulher, fulcral neste nosso tempo: a forte orientação para o desenvolvimento de outros, a transparência e a flexibilidade (numa das minhas viagens a África, observei uma mãe a entregar à sua criança uma banana sem descascar. Teria sido mais fácil tê-la descascado, claro, porém de pouca aprendizagem!). Enquanto executive coach, constato que o que se perspetiva em termos de liderança (e não só) não é a igualdade no que concerne ao género, mas sim a paridade nas oportunidades e no acesso às mesmas. Igualdade é interessante, mas remete sempre para a representação de feministas… obriga-nos a dizer que não defendemos o movimento feminista.

 

Não é o que se quer. O tema pode e deve ser abordado paridade. E é esta paridade que permitirá a diferença no fazer, pois será geradora de maior complementaridade na forma de liderar. O coaching faz a diferença, no olhar, na descoberta e no atingimento de resultados de paridade – um acelerador da transformação no feminino. Em Portugal e no mundo, a angariação de talentos no feminino para a liderança nos topos das organizações não é fácil… uma viagem de melhorar pontos aqui e ali, de saber que as mulheres sempre lá estiveram, mas que agora, por Portugal, pelo mundo, de novo se lhes pede uma intervenção explícita, visível e bem impactante. Muitos destes talentos no feminino não considerem posicionar-se para certos campeonatos como os dos conselhos de administração, pois sentem faltar-lhes “algo”.

 

O coaching aqui facilita o autoconhecimento, a desconstrução de crenças limitadoras, o planeamento, e avançar com ações transformadoras. É um must para uma nova força que se percebe como mobilizadora. E, olhando para a frente, uma must win battle se impõe: a da vivência na liderança da complementaridade. Aí, o coaching fará a diferença em Portugal no olhar, na descoberta e no atingimento de resultados de paridade.

 

LÍDERES DE PORTUGAL – GERAÇÃO Y: A INVERSÃO DA PIRÂMIDE?

 

Noutras viagens, desta feita a geografias onde este nosso português é salpicado de calor tão afetuoso – Angola e Brasil –, percebi uma outra transformação surpreendente, que em Portugal também já vai acontecendo: a inversão da pirâmide das hierarquias. A mudança no paradigma da liderança terá o contributo da geração Y porque, enquanto nova geração, é a si que lhe cabe. E fá-lo-á rapidamente não só pelo acesso que tem ao mundo (de forma digital ou não), pelo modo como se posiciona social e economicamente, como também porque se quer descolonizada (não precisará de uma voz de comando única, pois movimenta-se em redes alargadas).

 

Esta geração manifesta uma tendência interessante… procura o coaching espontaneamente e para cada tempo de mudança. Já em coaching por decisão individual, pretende viver a liderança de outra forma. Vai lutar por ela. Vai sê-la no mundo global, construído, e corre, corre como a luz. Tem uma perspetiva diferente sobre o tempo. Deseja viver a vida aqui e agora e foca-se na sustentabilidade. Em coaching de liderança, apresenta as dúvidas de outras gerações, mas na resolução de problemas faz a diferença, ao orientar-se para a integração da diversidade. Esta geração inverterá a pirâmide de liderança por força da demografia e do tipo de conhecimento que detém. Olhando para trás e para outros mundos ditos mais ou menos civilizados, percebe-se que a liderança sempre esteve associada ao que é raro.

 

Se ter mais idade era no passado associado ao conhecimento fundamental e à evolução da humanidade, hoje a raridade está no ser-se jovem e, mais importante do que isso, está na posse do conhecimento requerido para o seu tempo: alinhado com o contexto, adquirido num espaço onde os mais velhos são ou analfabetos ou iliteratos (espaço digital).

 

O COACHING PARA A LIDERANÇA: ONTEM, HOJE E AMANHÃ

 

Sempre tive a perceção de que vivo em três tempos – ontem, hoje, amanhã –, coexistentes num espaço que também ele é sistémico. O coaching de liderança é a liberdade de estar nesses três tempos. Na primeira pessoa, procurei partilhar como vejo o coaching no desenvolvimento de líderes em, para e por Portugal. E porque hoje Vilar Formoso já não é fronteira, é um pequeno ponto de passagem de viagem para o mundo global, e porque, tal como no Sud-Express, o coaching é uma viagem tanto para o coachee como para o coach, sei que estas viagens continuarão a ser fundamentais para encontrar novas formas de contribuir.

 

No coaching de liderança de um ontem recente, guardo a consciência de estar a participar num qualquer amanhã, shaping the future, vivendo momentos únicos e irrepetíveis, e de que, apesar de ainda estar neles no presente, já os sinto com saudade. A beleza de ver aparecer e ajudar a nascer levou-me sempre a esta certeza de que trabalhar com cada pessoa era isto… irrepetível.

 

In: ICF (2016). Coaching – Ir mais longe cá dentro, Lisboa: CIF.